segunda-feira, 14 de março de 2011

PROFESSOR LANÇA LIVRO SOBRE CONDORNAS

"Tabelas para Codornas Japonesas e Européias " Tópicos especiais, Composição de alimentos e Exigências nutricionais" é o título do livro que o professor José Humberto Vilar da Silva, do Departamento de Agropecuária do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da UFPB, lançará no próximo dia 4, em Bananeiras.

Segundo ele, no livro "os criadores de codornas, técnicos interessados e curiosos encontrarão informações esclarecedoras sobre a qualidade da carne e dos ovos, comportamento alimentar, anatomia e fisiologia do aparelho digestivo, composição e qualidade dos alimentos, além das tabelas de recomendações nutricionais para a espécie, estas últimas propostas com base no levantamento e consulta a mais de 90 artigos científicos publicados na literatura nacional e internacional".

Atualmente o professor Humberto é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Agroalimentar, orienta alunos do mestrado, doutorado e iniciação científica, e é pesquisador 1C do CNPq.

Para a Agência de Notícias o professor falou sobre o lançamento do livro e das vantagens da criação de codornas, que "são pequenas, comem pouco e produzem carne e ovos mais rápido que qualquer outras espécies de ave".

AN " O lançamento de seu livro se deu na "Ave Expo", em Foz do Iguaçu-PR, mês passado. O senhor pretende lançá-lo aqui na Paraíba também?

Humberto Vilar - Sim, estarei lançando na próxima quarta-feira (4) no CCHSA, campus III de Bananeiras e depois no campus de Areia (data ainda não fechada). O lançado do livro no Paraná ocorreu porque a empresa patrocinadora do trabalho, a Ajinomoto Animal Nutrition, me convidou para proferir uma palestra na Ave Expo, um evento internacional na área de avicultura. Na ocasião da palestra estavam presentes 90% de todo PIB avícola latino-americano.

AN " Qual a importância desta sua obra para os técnicos da área e criadores de codornas?

Humberto Vilar - Simplesmente é um trabalho inédito e pioneiro. Para se ter uma idéia, todo mundo que pretende alimentar as codornas tem que consultar este livro (criadores, fábricas de rações e pesquisadores). Um exemplo, todo trabalho de dissertação ou tese com esta espécie terá que consultar os dados constantes neste livro, portanto, trata-se de uma obra ímpar na literatura mundial sobre o tema. Não existe nenhuma experiência no mundo similar e com a profundidade com que tratamos o tema.

AN " O senhor acha que a criação de codornas é uma alternativa para o combate à fome e à desnutrição de áreas menos desenvolvidas como o Nordeste? Por que?

Humberto Vilar " Sim, vamos começar pela história. Na Bíblia, Salmo 105, o povo Hebreu na travessia do deserto, nos 40 anos do Êxodo, pediu alimento a Deus, e o criador enviou para saciar a fome do povo santo o Maná e Codornas. Novamente, essas mesmas codornas podem ser alimento para outro povo sofrido, o nordestino que vive no semi-árido brasileiro, porque ela é pequena, come pouco, é resistente ao calor, bota ovos com 35 dias de idade e pode ser abatida com 28 dias.

Além disso, pode ser criada em gaiolas de pássaros ocupando pequenos espaços nas varandas das residenciais de campo e servir como fonte de renda pela venda de ovos e aves vivas ou abatidas. Na Europa e América do Norte as codornas ainda são fontes de renda em outro negócio que poderia ser explorado por aqui, a caça esportiva em clubes de campo, os famosos clubes de "caçe e pague", que acabam contribuindo para combater a caça ilegal e predatória dos recursos escassos de nossa fauna semi-árida.

AN " Por que, então, a criação dessa ave é ainda tão pouco explorada na nossa região?

Humberto Vilar - Por falta de incentivos governamentais nos moldes dos incentivos que são destinados para a criação de cabras e de galinhas caipiras. O CNPq já acordou para esta realidade e vem aprovando projetos acadêmicos com codornas em todo o país, mas são exemplos como este que deveriam ser seguidos e copiados pelas agências de fomento regional como as fundações de apoio às pesquisas estaduais e o Banco do Nordeste.

Existe o programa do leite de cabras, por que não criar o programa do ovo de codorna com a distribuição do produto na merenda escolar, na forma de ovo natural ou em pó como se distribui a multimistura. Há incentivos governamentais para a criação de codorna? Quais são eles? Infelizmente, não. Aí reside o problema, nós aqui da UFPB no campus de Bananeiras temos todo o "know how" de criação, podemos fazer a reprodução e a comercialização das aves, além disso, temos condições de oferecer toda a assistência técnica de produção, abate e produção de rações, mas infelizmente, ainda estamos aguardando iniciativas por parte das autoridades.

AN " Em termos nutricionais, qual a importância da criação dessa ave numa região semi-árida como a nossa?

Humberto Vilar - Para iniciar a conversa, os ovos de codornas são mais ricos em aminoácidos e vitamina A que os ovos de galinhas de granjas e mais, inclusive, que os ovos de galinha caipira também. A carne é vermelha e tem sabor de aves silvestres. Se lembrarmos que o maior problema de desnutrição no semi-árido é a fome protéica do homem (crianças e adultos), que pode levar a um tipo especial de desnutrição severa conhecida na África de mal de Kwashiorkor que resulta em alta mortalidade em crianças. Quem nunca viu cenas de crianças subnutridas magérrimas e barrigudas no semi-árido? Eu sou dessa região, nasci em Taperoá e conheço bem de perto esta realidade.

Criação crescente - No final da entrevista o professor José Humberto Vilar lembrou que a criação de codornas no Brasil vem crescendo em níveis de 10% ao ano, especialmente no Sul e Sudeste brasileiro. "O Brasil é o segundo maior produtor de ovos e o quinto de carne de codornas, onde a China e a Índia se destacam", disse.

Entre os países importadores de ovos o Japão se destaca, importando ovos de codornas da China e Coréia e, em breve, o Brasil poderá vender ovos processados para aquele país. Em relação às exportações de carne de codornas, o Brasil já vende para países do Mercosul e países Árabes, ainda numa escala pequena, mas com boas perspectivas de crescimento.
  Autor:   Fonte/Foto: Clipping Agência de Notícias - Fernando Caldeira

Um comentário:

  1. Quero comprar o livro deste professor, onde posso comprar? Vocês possuem algum contato deste professor?

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